Atolada em dívidas, processos judiciais e arrastando a
pecha de caloteira a Associação Paulista de Imprensa agoniza subjugada aos
interesses do advogado Sérgio de Azevedo Redó, que a transformou em trampolim para
autopromoção. A credibilidade da octogenária instituição desce pelo ralo
enquanto o presidente impostor continua na direção, com o mandato vencido a
mais de três anos
Sérgio Redó: autopromoção à custa da A.P.I. |
O advogado Sérgio de Azevedo Redó
reduziu a Associação Paulista de Imprensa (A.P.I.) a trampolim para a sua
promoção pessoal. Desde que se reelegeu presidente fraudando o estatuto, em
2012, ele usa o prestígio do cargo para se autopromover no universo jurídico e
fazer tráfico de influência junto a autoridades políticas a fim de tentar obter
favores para si e seus amigos.
Cópias de e-mails a que
esta repórter teve acesso denunciam que Sérgio Redó usa o programa de tevê da
A.P.I., o Sala de Imprensa, para tentar fazer barganha, inclusive com ministros
do governo Dilma Rousseff. Redó acionou Brasília para ingerir no Judiciário de
São Paulo. Curiosamente, no Tribunal Regional do Trabalho, onde ele colocou a A.P.I.
no banco dos réus.
Redó enviou ofícios a três
ex-ministros pedindo-lhes que indicassem a sua amiga, a advogada Ana Martha
Ladeira, a uma das duas vagas de desembargador do TRT/ 2ª Região. Em troca,
oferecia-lhes espaço no programa de tevê da A.P.I. para que divulgassem “o seu
excelente trabalho à frente dos seus Ministérios”.
Para favorecer a amiga
advogada – o nome dela estava na lista tríplice dos candidatos a desembargador
do trabalho do TRT/2ª Região –, Redó fez a proposta aos ex-ministros José
Eduardo Martins Cardozo, da Justiça, Carlos Eduardo Gabas, da Previdência Social,
e Aluisio Mercadante, então ministro chefe da Casa Civil. Eles ocupavam os
ministérios quando houve as investidas de Redó.
Os ofícios de aliciamento foram enviados pelo e-mail
da A.P.I. e Redó pede pela amiga se apresentando como o presidente da entidade.
Apesar dos ex-ministros não terem atendido ao seu pedido – a advogada amiga
dele não assumiu a vaga no TRT –, as falcatruas do pseudopresidente surtem o efeito
de um tsunami na A.P.I., abalando a sua estrutura, as suas finanças, e principalmente,
a sua imagem.
Em prol de si mesmo, Sérgio Redó concedeu um Diploma
de Honra ao Mérito ao Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil por
ocasião da Rio+20, no Rio de Janeiro. Questionado sobre qual seria a
importância do fato para os associados da A.P.I., o seu diretor de Honrarias e
Méritos, Galdino Cocchiaro, alega nunca ter assinado tal diploma.
O
desleixo com a A.P.I. é notado por qualquer pessoa que visita a associação. O
prédio, localizado no bairro Liberdade, encontra-se em estado deplorável. O
elevador não funciona a mais de 10 dias e a sede está sem telefone e sem
internet. Redó preferiu não contestar as denúncias, ignorando as mensagens
enviadas a ele por whatsapp.
Jornalista Pedro Nastri denuncia
crimes contra patrimônio cultural
Nastri: É preciso fazer novas
eleições e salvar a A.P.I.
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O jornalista e escritor
Pedro Nastri denuncia que Sérgio Redó desmontou a biblioteca da A.P.I., desaparecendo
com a sua hemeroteca e o seu acervo iconográfico. A hemeroteca era composta de
exemplares raros dos jornais Diário da
Noite, Correio Paulistano, Farol Paulistano, entre outros publicados na época, e o acervo
iconográfico continha dezenas de obras de arte
como quadros, retratos e gravuras.
De acordo com Pedro
Nastri, o pseudopresidente sumiu com os originais de escritores famosos que
pertenciam a biblioteca da A.P.I. e faziam parte do patrimônio histórico
cultural do Brasil. Segundo ele, Redó mandou jogar fora os originais de
Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Menotti Del Picchia e Cásper Libero.
Todos esses escritores
que tiveram os seus originais descartados por Redó fizeram parte da Semana de
Arte Moderna, a histórica Semana de 22, que ocorreu em São Paulo entre os dias
11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal. “Redó
mandou despejar tudo na caçamba de lixo”, frisa Nastri.
Ele conta que além de deixar a A.P.I.
sem os seus registros históricos, Sérgio Redó sumiu com os móveis do acervo da entidade e destruiu o auditório,
de 180 lugares, para dar abrigo a um cursinho preparatório de ENEM, que sequer
cumpriu o contrato.
Nastri revela que a
A.P.I. virou ré em inúmeras ações judiciais, civis e trabalhistas – Redó tentou
encaixar uma advogada amiga no TRT –
acrescentando que a instituição perdeu os títulos de utilidade pública e
está mergulhada em dívidas. “Nunca, em toda a história da entidade, houve uma
administração tão nefasta quanto está, analisa.
O jornalista afirma
categórico que a A.P.I. está jogada às traças e acha curioso que nomes como
Milton Neves, Marcelo Rezende, Celso Russomanno, entre outros, façam parte da
diretoria sem se incomodar com as atitudes do presidente impostor e o malefício
que elas causam a entidade.
Pedro Nastri defende a
realização rápida de novas eleições para formar uma nova diretoria, colocar a
instituição em ordem e punir civil e criminalmente os responsáveis pelo
sucateamento da A.P.I..
Nastri, que se desligou
da direção em 2012 por discordar das tramóias de Redó, está terminando de
escrever um livro sobre a trajetória da A.P.I. “A era Redó será a parte mais
triste do meu livro”, lamenta o jornalista, que é também historiador da cidade
de São Paulo.
A.P.I. criticada em rede social
por causa do Sala de Imprensa
O programa da A.P.I. mais parece canal de
divulgação do TJ/SP
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O jornalista Pedro Nastri está correto
quando diz que Sérgio Redó barganhou o aluguel do 6º andar para a ACESP -
Associação dos Canais Comunitários de São Paulo, trocando o valor de locação
por um horário na TV Aberta, a fim de alavancar a sua imagem, satisfazendo seu
ego, e tendo por convidados seus pares na área do Direito.
De fato, a principal
tribuna de autopromoção de Sérgio Redó é o programa de televisão da A.P.I., o
Sala de Imprensa. Lá, o pseudopresidente prioriza as entrevistas promocionais
com juízes, desembargadores de Justiça, presidente do Tribunal de Justiça de
São Paulo; vereadores, deputados, secretários de Estado.
Além de magistrados e
políticos, Redó gosta de entrevistar pessoas da chamada alta sociedade, a
exemplo do médico Herbert Gauss Júnior,
que em 2007 teve o registro profissional cassado pelo CRM de São Paulo, punição
que foi referendada pelo Conselho Federal de Medicina. A entrevista do
cirurgião plástico no programa de tevê da A.P.I. despertou a ira de pessoas que
afirmam ter sido mutiladas pelo convidado de Redó.
No vídeo da entrevista,
postado no You Tube, o internauta Joaquim Oliveira dispara: “Não entendo porque
essa tal associação de imprensa dá apoio a um elemento desse... conheço muitas
histórias escabrosas desse cidadão... desonestidade de toda sorte e ainda é
bajulado...absurdo total!”
Outra internauta opina:
Lixo!!!! O pior medico do mundo. Coitada de mim que cai na mão desse lixo e
estou toda deformada. A mulher continua: “fujam deste mutilador, já passei por duas
intervenções com Herbert Gauss Júnior e não sei qual ficou pior. Ele é um
açougueiro de quinta categoria, tome cuidado com a lábia dele”.
Outro entrevistado no Sala
de Imprensa é o ex-ministro da previdência Social, Carlos Gabas, condenado por
mentir em processo judicial, em 2005. Gabas é um dos três ex-ministros para
quem Redó ofereceu nova entrevista no programa depois que ele ingerisse em
favor da advogada Ana Ladeira para ela ocupar a vaga no TRT.
De vez em quando Redó
entrevista alguns apresentadores de tevê, dando a impressão de que o programa
segue a linha editorial de divulgar assuntos relacionados a comunicação. Mas a
maioria dos entrevistados é do universo jurídico.
Empresa de motoboy cobra
dívida da
A.P.I. 148 vezes
Motoboys tentam, desde 2013, receber dívida de Redó |
Reza o dito popular que
água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Deve ser esse o principal
incentivo para a empresa Rap 10 Motoboys Ltda. não desistir de receber
R$2.050,00 que a A.P.I. lhe deve referente a serviços prestados a entidade. O
calote se arrasta desde 2013.
Um funcionário da firma
conta já enviou 148 mensagens para o e-mail da A.P.I. cobrando o dinheiro, mas
não recebeu sequer uma desculpa para o não pagamento. “Nós enviamos uma média
de cinco e-mails por dia e não desistiremos, pois aqui trabalha pais de família
que precisam receber”, reclama o funcionário.
Na era Redó a A.P.I.
adquire a fama de caloteira porque todo o dinheiro que entra na conta que a
instituição mantém no Banco Itaú é imediatamente sacado pelo pseudopresidente
Redó, como foi denunciado na reportagem anterior, “pseudopresidente sucateia
Associação Paulista de Imprensa.” Enquanto Redó monopoliza as verbas da
instituição, as cartas de cobrança se acumulam na A.P.I.
São dívidas com a Sabesp,
que cortou o fornecimento de água a mais de um ano, com a Eletropaulo, com
empresas de caminhões pipa, que já não querem mais vender água para a entidade
por medo de não receber. Por causa também dos calotes, a credibilidade da
A.P.I. está fragilizada. Porém, o advogado Sérgio Redó se mantém firme no
cargo, e tirando o máximo de proveito que ele possa lhe proporcionar.
José Eduardo Martins Cardozo, Dilma Roussef, Ministros...
ResponderExcluirSerá que a Lava Jato chega na API?
Ou o presidente Redó leva o Sérgio Moro no programa?
Desculpe Sra. Edna, mas onde se lê "Segundo ele, Redó mandou jogar fora os originais de Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato, Menotti Del Picchia e Casseb Libero", não seria Cásper Líbero?
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